
O que tem sido feito em relação à inadimplência?
Como manter a saúde financeira da sua escola em meio a pandemia do Covid-19.
Desde o início do período de quarentena, muitas ações têm sido conduzidas para que alunos não se prejudiquem academicamente pelo distanciamento social. As escolas têm usado aulas online, envio de conteúdos por aplicativo, videoconferências, e até mesmo o uso de mídias sociais, para ajudá-los durante esse período.
De acordo com o #educaçãomaisforte, movimento que reúne entidades representantes do setor educacional, o isolamento social, provocado pela pandemia, suspendeu as aulas presenciais de cerca de 15 milhões de alunos do setor privado, em todo o Brasil.
Com isso, muitos pais e responsáveis, seja os que trabalham de forma autônoma, seja aqueles empregados, viram-se em uma situação difícil: arcar com as despesas mensais relacionadas à educação dos filhos sem, no entanto, estar recebendo a mesma renda mensal habitual.
Houve a tentativa, por parte de alguns pais, de adiar os pagamentos das mensalidades escolares, ou até mesmo de suspender as matrículas, uma vez que seus filhos não estavam indo à escola. Diante desse cenário, o movimento redigiu um manifesto pela educação brasileira, no qual explica o porquê não pagar as mensalidades escolares não é uma boa ideia.
Neste sentido, é importante salientar que, apesar das aulas terem sido suspensas presencialmente, as escolas têm se mobilizado para encontrar soluções. Algumas optaram por continuar a ministrar as aulas, ainda que de forma remota, elaborando planos de ação envolvendo pais, professores, diretores e toda comunidade escolar, visando manter tanto a qualidade como a sequência dos conteúdos didáticos. Outras instituições, enfrentando um período de quarentena ainda incerto, optaram por antecipar as férias escolares, visando repor as aulas após a pandemia.

É importante mencionar que a legislação brasileira [Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional] admite em situações emergenciais a realização de atividades a distância. As escolas que não optarem por essa modalidade, podem reorganizar o calendário escolar oferecendo a reposição de aulas. Lembrando que, neste caso, as decisões devem ser feitas no âmbito de Estados e Municípios.
O que dizem as entidades ligadas à educação e o Procon, no que se refere ao pagamento de mensalidades? O que pode ser feito para que pais e escolas encontrem uma solução comum, frente a um cenário tão complexo e novo para toda a sociedade?
O Procon-SP solicitou um posicionamento da Secretária da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, frente à alta demanda e dúvidas dos consumidores, sobre os impactos da pandemia da covid-19 em relação à prestação dos serviços educacionais, e também quanto ao pagamento de mensalidades escolares. Como resultado, a Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon) e o Ministério da Justiça divulgaram uma nota técnica sobre o tema.
A Senacon sugere construir soluções negociadas junto à comunidade escolar. Como sugestões , as escolas podem trabalhar com as seguintes opções:
- Manter a prestação dos serviços aos alunos, através de aulas na modalidade a distância, garantindo o seu pagamento nos termos da legislação federal vigente (Ministério da Educação), que dispõe sobre a carga horária mínima e o cumprimento dos conteúdos estabelecidos;
- Oferecer as aulas presenciais, em período posterior, com a consequente modificação do calendário de aulas e de férias.
Segundo a nota, é importante também que as escolas ampliem, ou até mesmo criem, canais de atendimento ao consumidor, e estejam acompanhadas das devidas fundamentações normativas que garantam sempre o aval do Ministério da Educação à solução proposta.
Neste momento pelo qual todos estamos passando, é fundamental que as instituições de ensino e os pais e responsáveis mantenham o contato contínuo. O diálogo tem papel fundamental neste momento, para que ambas as partes possam encontrar e estabelecer um ponto comum de acordo. Como afirma Fernando Capez, diretor do Procon-SP, o Código de Defesa do Consumidor não foi elaborado prevendo uma situação como essa, de pandemia global e isolamento social.
As consequências da COVID-19 criam cenários inéditos para toda a sociedade. Por essa razão, é importante que cada caso seja analisado particularmente, e que escolas e responsáveis possam colaborar para encontrar soluções viáveis, diante de cada situação que emergir.

Sobre a autora
Priscila Cerdeira é Especialista Educacional da International School. Formada em História e pós-graduada em Educação pela PUC-RS, com foco em Moderna Educação, Metodologias e Foco do Aluno e também pós-graduada em História, Sociedade e Cultura pela PUC-SP. Possui Certificações internacionais – CELTA e CAE de Cambridge. Atuou como professora em todos os segmentos, educadora em museus e instituições culturais e também desenvolvendo materiais interativos para institutos de ensino de idiomas.
Gina
16 de abril de 2020Texto muito bem escrito.
Julianna Conventi
16 de abril de 2020Olá, Gina.
Ficamos felizes que gostou (:
Grande abraço (: