Podemos encontrar diversas definições para ensino híbrido, mas temos certeza de uma coisa: ensino híbrido não é somente o uso de tecnologia em sala de aula.
Como surgiu o ensino híbrido?
O termo ensino híbrido foi usado pela primeira vez na Universidade de Illinois na década de 1960. Naquela época, os alunos usavam um software chamado PLATO – Programmed Logic for Automatic Teaching Operations –, um sistema computacional de 1960 que possibilitou a milhares de alunos o acesso a cursos, a troca de mensagens com amigos e a jogos online.
Muita coisa mudou desde então, e hoje em dia a tecnologia faz parte da nossa vida dentro e fora da escola. Para este texto, usamos a definição de ensino híbrido trazida pelo Instituto Clayton Christensen:
Ensino híbrido não é o mesmo que instrução baseada na tecnologia. Vai além de ter um computador por aluno e equipamentos de última geração. Ensino híbrido envolve usar a internet para possibilitar que cada aluno tenha uma experiência de aprendizagem mais personalizada, incluindo mais autonomia do aluno para gerir o seu tempo de estudo, lugar e ritmo de aprendizagem. (CHRISTENSEN, 2018)
O que é ensino híbrido?
Ensino híbrido é um termo usado para descrever a combinação de aprendizagem presencial e online. Ele é baseado na ideia de que ensino e aprendizagem podem acontecer em momentos e espaços variados, para que o aprendizado ocorra de diversas maneiras. O propósito é que educadores e alunos sejam parte do processo de aprendizagem para a vida toda (lifelong learning).
Os principais objetivos do ensino híbrido são:
- Personalização do processo de ensino;
- Fomentar a autonomia dos estudantes;
- Uso da tecnologia integrada à cultura da escola;
- Interação, colaboração e engajamento com as tecnologias digitais;
- Combinação da sala de aula e de ambientes virtuais de aprendizagem.
Esses objetivos estão relacionados ao que esperamos que os estudantes desenvolvam, de acordo com os pilares da educação da UNESCO (aprender a ser, aprender a fazer, aprender a aprender e aprender a conviver). Por exemplo, no ensino híbrido, os educadores usam a tecnologia para personalizar o aprendizado, permitindo que os estudantes realizem as atividades mais apropriadas para suas necessidades de aprendizagem. Isso pode ser relacionado ao pilar “Aprender a Aprender”, pois os estudantes realizam atividades online que auxiliam no desenvolvimento da imaginação, raciocínio, resolução de problemas e pensamento crítico.
O papel do professor no ensino híbrido
De forma geral, o papel do professor está relacionado à evolução da informação. No passado, os professores eram vistos como guardiões da informação e seu papel era transmiti-la. Com o avanço da tecnologia, muita coisa mudou: podemos consumir e criar informação nas redes sociais e compartilhar com o mundo todo.
Atualmente, mesmo com o uso de tecnologias digitais na sala de aula, pouco mudou na maneira como ensinamos. Educadores transitaram do quadro negro para a lousa digital e slides, mas a maneira de ensinar, avaliar e orientar os alunos não mudou significativamente.
Recursos tecnológicos são utilizados para tornar o conteúdo virtual, mas sem a intervenção do educador, eles não possibilitam a autonomia e a personalização da aprendizagem.
Em outras palavras, o ensino híbrido depende de professores engajados que utilizam a tecnologia e a interação presencial para personalizar o ensino de acordo com a necessidade do estudante.
Professores são mentores, facilitadores e curadores nesses ambientes de aprendizagem. Eles avaliam e analisam os dados de desempenho dos alunos para planejar experiências únicas para cada estudante, além de monitorar e trabalhar com pequenos grupos e com a turma toda.
Resumindo, esses educadores se tornam designers de experiências de aprendizagem, utilizando o poder das ferramentas tecnológicas para adaptar o currículo às necessidades de cada aluno.
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Como colocar o ensino híbrido em prática?
Para ajudar os educadores a enfrentar o desafio de tornar sua prática pedagógica híbrida, o Instituto Clayton Christensen organizou modelos de ensino híbrido nos quais as tecnologias digitais são integradas ao currículo.
Os modelos mais comuns são os Modelos de Rotação, nos quais os alunos realizam atividades de acordo com um cronograma fixo ou estipulado pelo professor. As tarefas neste modelo podem envolver discussões em grupo, atividades de escrita, leitura e, indispensavelmente, uma atividade online. Alguns modelos de rotação incluem as seguintes ideias:
Rotação por Estações
O professor organiza estações na sala de aula com diferentes tarefas e os alunos, em grupos, realizam as atividades. Um dos grupos estará envolvido com tarefas online que, de certa forma, não dependem da mediação do professor. É também importante priorizar tarefas nas quais os alunos possam trabalhar colaborativamente e outras nas quais possam trabalhar individualmente, respeitando o ritmo de cada um.
Laboratório Rotacional
Nesta sugestão, os estudantes utilizam a sala de aula convencional e os computadores disponíveis na escola. O professor, na sala de aula, ministra a lição de forma mais expositiva e adiciona uma rotação para onde os alunos podem usar os computadores – por exemplo, um laboratório de informática.
Eles usam os computadores individual e autonomamente para realizar tarefas pré-estabelecidas. Este modelo não substitui a forma tradicional de ministrar uma aula, mas utiliza o ensino online como uma inovação sustentada para melhor atender às necessidades dos alunos.
Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom)
O professor orienta os alunos a estudar o conteúdo em casa e a aplicação do conhecimento ocorre na sala de aula. Atualmente, em muitos casos, faz-se o oposto: o professor explica o conceito em sala de aula e o aluno faz uma lista de exercícios em casa.
Neste modelo de sala de aula invertida, o professor orienta os alunos a estudar o conteúdo em casa por meio de vídeos, podcasts, atividades de leitura, e na sala de aula eles discutem e/ou aplicam o conteúdo de forma mais prática.
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Cultura digital já está consolidada
Esses modelos podem ser os primeiros passos para colocar o blended learning em prática e devem ser compreendidos por gestores escolares, professores, alunos e famílias.
Como mencionado antes, as escolas são convidadas a mudar, já que a cultura digital já está consolidada em nossa sociedade e é fundamental que ela se torne uma realidade dentro das salas de aula.
E você? Está pronto para essa nova forma de ensinar e aprender? Compartilhe conosco.
Por Bianca Mauro de Almeida, especialista de formação da International School
Artigo original publicado em inglês no blog do Knowledge Centre, o centro de conhecimentos da International School.
