As abordagens pedagógicas orientam como professores e escolas conduzem o processo de ensino e aprendizagem. São elas que determinam o papel do professor, o nível de autonomia do aluno, escolhas curriculares e até os objetivos a serem alcançados em sala de aula.
Do ensino tradicional às metodologias ativas, passando por nomes como Montessori, Paulo Freire e Reggio Emilia, cada abordagem apresenta uma forma distinta de organizar o aprendizado. Conhecê-los em profundidade ajuda a tomar decisões coerentes com o projeto pedagógico e com o contexto da comunidade escolar.
A seguir, veja quais são as principais teorias e métodos de ensino e entenda como escolher a abordagem mais adequada para sua instituição.
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O que são abordagens pedagógicas?
As abordagens pedagógicas são conjuntos de métodos, técnicas e estratégias que orientam a prática educativa. Elas definem se a aula terá foco na transmissão de conhecimento ou na construção ativa do saber pelo aluno, além de indicar o papel do professor como mediador ou autoridade.
De forma prática, elas determinam: fundamentos teóricos (como se concebe desenvolvimento e aprendizagem), papéis (o que cabe ao professor e ao aluno), métodos (como as experiências são organizadas), avaliação (como evidenciar a aprendizagem) e ambiente (como organizar tempo, espaço e recursos).
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Principais abordagens pedagógicas
Mais do que um modelo de ensino, as abordagens refletem concepções filosóficas e sociais sobre o que significa educar. Por isso, conhecer essas propostas é essencial para alinhar a prática escolar aos objetivos formativos da instituição. Confira as principais a seguir:
Ensino Tradicional
No ensino tradicional, o professor ocupa o centro do processo: ele organiza a sequência dos conteúdos, faz exposições claras, propõe exercícios e utiliza avaliações como provas e trabalhos.
Essa abordagem, de raízes nas escolas europeias do século XVIII, se tornou base da educação formal ocidental e ainda é muito adotada nas escolas, sobretudo com outras abordagens em conjunto.
Sua força está na clareza de objetivos, no sequenciamento lógico e na previsibilidade das rotinas. Isso não significa, porém, que o ensino tradicional seja sinônimo de passividade, pois ainda é possível abrir espaços para perguntas, discussão e resolução de problemas, preservando a organização da aula.
O desafio está em evitar que a experiência se reduza à memorização, incorporando estratégias que favoreçam engajamento, autoria e habilidades socioemocionais.
Construtivismo (Piaget)
No construtivismo, o estudante constrói ativamente o conhecimento: aprende ao enfrentar situações-problema, confrontar suas hipóteses e reorganizar entendimentos por assimilação e acomodação.
O currículo é menos rígido e o professor atua como mediador, fazendo perguntas, acompanhando registros e oferecendo intervenções pontuais que ajudam o aluno a avançar no aprendizado.
A avaliação é sobretudo formativa, com foco no processo, na qualidade dos argumentos e na evolução das ideias. O resultado costuma ser autonomia intelectual e compreensão mais profunda; para funcionar bem, a abordagem pede planejamento de tarefas, tempos reais para exploração e devolutivas frequentes, mantendo o aluno como protagonista e o docente como facilitador.
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Sociointeracionismo (Vygotsky)
No sociointeracionismo, aprender é um processo social: o estudante avança quando interage com colegas e com o professor. A mediação docente acontece na chamada Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), a diferença entre o que o aluno já consegue fazer sozinho e o que ele consegue fazer com apoio.
Em sala, isso aparece em trabalhos em grupo, tutoria entre pares e “apoios temporários”, como pistas, perguntas, modelos. Esses apoios são retirados aos poucos, até que o estudante realize a tarefa com autonomia.
Com isso, a abordagem desenvolve comunicação, colaboração e argumentação, ao mesmo tempo em que fortalece o pensamento crítico e a responsabilidade do estudante pelo próprio aprendizado.
Montessori
No método Montessori, a sala é pensada para a criança aprender com autonomia: há um ambiente rico em estímulos (mobiliário ao alcance, cantos de atividade) e materiais autocorretivos que mostram o erro e convidam à retomada.
As turmas costumam ser multi-idades e os ciclos de trabalho são mais longos, favorecendo a concentração. O professor atua como guia/observador — intervém pouco, registra avanços e realiza avaliação descritiva a partir da observação do dia a dia.
Com isso, a abordagem fortalece autorregulação e pensamento lógico, sendo especialmente consistente na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
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Waldorf
No método Waldorf, criado por Rudolf Steiner, o currículo busca uma formação integral — unindo pensar, sentir e agir. Por isso, a rotina integra artesanato, atividades corporais, arte e projetos práticos que estimulam criatividade e resolução de problemas.
A avaliação é sobretudo qualitativa e descritiva, registrando processos e sentidos construídos pelo estudante. Em geral, evita-se a repetência: as turmas avançam por faixa etária, com acompanhamento próximo e intervenções quando necessário, mantendo o foco na maturidade do grupo e no percurso formativo de cada estudante.

Freinet
No método Freinet, a escola funciona como um coletivo de produção: aprende-se fazendo, em cooperação e com propósito. Em vez de aulas expositivas como regra, entram técnicas como texto livre, imprensa escolar (jornal, boletins), aulas-passeio para investigar o entorno e assembleias para decidir encaminhamentos da turma.
O foco é a formação cidadã, com menos espaço para competição e mais para cooperação. Nesse cenário, o professor atua como orientador, ajudando a transformar perguntas em projetos e promovendo o diálogo escola–comunidade, uma vez que os projetos se conectam ao bairro, às famílias e aos serviços locais.
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Paulo Freire
Na perspectiva freiriana, educar é um ato de liberdade: antes de “ler a palavra”, o estudante aprende a ler o mundo. Assim, o professor deixa o papel de transmissor e atua como mediador, construindo com a turma perguntas e caminhos para temas reais da comunidade. A relação é horizontal, e o conhecimento se forma na troca entre experiências, culturas e saberes.
Nesse contexto, a avaliação acompanha processos reflexivos e o impacto do que a turma realiza no território (projetos, intervenções, mobilizações). Valorizam-se registros, rodas de conversa e portfólios que mostram a evolução do pensamento crítico e da autoria.
Reggio Emilia
Na abordagem Reggio Emilia, voltada à Educação Infantil, a criança é vista como competente e curiosa, capaz de se expressar por “cem linguagens” (fala, desenho, música, movimento, brincadeira etc.). O ambiente é o terceiro educador: espaços e materiais abertos provocam descobertas, e os projetos surgem de perguntas reais das crianças.
O professor atua como mediador, escutando, provocando e conectando ideias do grupo. Já a avaliação acompanha processos e trajetórias, não só resultados finais, e as famílias participam ativamente. O resultado é um currículo vivo e colaborativo, que valoriza criatividade, investigação e comunicação.
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Pikler (primeira infância)
Na abordagem Pikler, voltada a bebês e crianças até 3 anos, a aprendizagem nasce do movimento livre, do respeito ao ritmo individual e de vínculos estáveis com o adulto. O ambiente é preparado para exploração segura, e os cuidados diários (troca, banho, alimentação) são tratados como momentos educativos.
O adulto observa e intervém o mínimo necessário, apoiando a autonomia. Com isso, há desenvolvimento motor e emocional consistente, menos estresse e mais confiança nas conquistas do dia a dia.
Ensino híbrido e metodologias ativas
No ensino híbrido, a aprendizagem articula presencial e digital para personalizar trilhas, dar ritmo ao estudo e ampliar repertórios.
As metodologias ativas, como Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP), sala de aula invertida, estudos de caso e rotação por estações, promovem protagonismo ao estudante: ele investiga, decide caminhos e comunica resultados, enquanto o professor atua como mediador e curador, conectando fontes, formulando boas perguntas e qualificando as sínteses.
No entanto, para que dê certo, é crucial dispor de ferramentas de suporte, como um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e um portal do aluno.
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Mais abordagens pedagógicas: uma segunda forma de classificação
Além dos métodos já vistos, também é comum organizar as abordagens pedagógicas por grandes lentes teóricas, confira as principais:
- Abordagem tradicional: professor no centro, transmissão sequenciada de conteúdos, treino e provas para verificar retenção e aplicação. Hoje, costuma incorporar recursos atuais sem abrir mão da estrutura e clareza de objetivos.
- Abordagem comportamentalista: aprende-se por reforços e feedbacks, com foco em objetivos observáveis, prática guiada e instrução programada. Útil quando é preciso padronizar desempenho e acompanhar ganhos de comportamento.
- Abordagem humanista: educação centrada na pessoa, baseada na confiança, na empatia e nas escolhas do estudante. Valoriza autonomia, propósito e dimensão socioemocional, com autoavaliação e devolutivas formativas.
- Abordagem sociocultural: inspirada em Vygotsky, o aprendizado é social e mediado pela linguagem. Usa colaboração, mediação docente e ZDP (andaimes temporários), documentando processos para desenvolver comunicação e pensamento crítico.
- Abordagem cognitivista: ênfase nos processos mentais (atenção, memória, esquemas, metacognição). Ativa conhecimentos prévios, propõe resolução de problemas e avalia compreensão e transferência do que foi aprendido.
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Como escolher a melhor abordagem pedagógica para a escola?
Antes de mais nada, vale reforçar que não existe uma abordagem universalmente ideal. A escolha depende do perfil dos alunos, dos objetivos institucionais e da estrutura disponível.
De forma prática, a decisão pode começar pelo projeto pedagógico: quais aprendizagens a escola pretende assegurar, em que tempo e sob quais condições?
Em seguida, considera-se o perfil dos estudantes (faixa etária, necessidades específicas, repertórios culturais), a formação docente, os recursos (tempo, espaço, materiais, tecnologia) e a cultura de avaliação já instalada.
Em muitos contextos, a solução passa por combinar abordagens, criando um projeto pedagógico híbrido que aproveita o melhor de cada perspectiva. Por exemplo, usar o sequenciamento claro do tradicional para construir base e integrar metodologias ativas e sociointeracionismo para ampliar investigação e colaboração, sempre com critérios de avaliação explícitos e coerentes.
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Como capacitar professores para aplicar a metodologia escolhida?
Para que a abordagem escolhida seja efetiva, é fundamental investir na formação continuada dos professores. Nesse sentido, cursos de atualização, oficinas práticas e espaços de troca entre docentes podem contribuir para o alinhamento das práticas pedagógicas.
Uma boa estratégia é realizar a documentação do processo, com planos, registros ou relatórios, uma vez que isso ajuda a equipe a enxergar evidências, ajustar intervenções e compartilhar boas práticas em reuniões.
Em um sentido geral, seja qual for a abordagem, a gestão escolar deve oferecer apoio institucional e acompanhar a implementação das metodologias, garantindo que os professores tenham suporte para adaptar suas aulas às novas propostas.
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Da abordagem pedagógica à vivência bilíngue
Definir ou até mesmo combinar abordagens pedagógicas é metade do caminho; a outra metade é traduzir essa escolha para todas as áreas, inclusive o ensino de inglês. Em um programa bilíngue consistente, as rotinas, as tarefas e a avaliação em língua inglesa espelham a mesma lógica pedagógica da escola, seja ela mais estruturada ou mais ativa, para que o estudante aprenda conteúdos e, ao mesmo tempo, use o idioma de forma significativa.
Se a sua escola busca um parceiro para integrar o inglês ao projeto pedagógico com coerência, a International School pode ajudar. Pioneira em educação bilíngue no Brasil desde 2009, ela desenvolve soluções de ensino alinhadas à realidade das escolas brasileiras e está presente em diferentes regiões do país.
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