A educação contemporânea exige que os estudantes sejam capazes de interpretar diferentes formas de linguagem.
Esse movimento é conhecido como multiletramento, um conceito que surgiu da necessidade de compreender textos que não se limitam à escrita tradicional, mas incluem imagens, sons, vídeos e recursos digitais.
A abordagem de letramentos múltiplos está ligada à ideia de que a leitura e a produção de sentido acontecem em diversos contextos sociais e culturais.
Com o avanço da tecnologia e da cultura digital, a escola passou a considerar também o letramento digital e as práticas de multimodalidade textual, que unem palavra, imagem e som.
Desta forma, compreender o conceito de multiletramento e suas implicações no processo educativo é essencial para preparar os estudantes para os desafios da sociedade atual.
A seguir, vamos explorar como essa abordagem surgiu, de que forma se organiza na prática pedagógica e qual é sua importância para a formação de leitores e produtores de sentidos em múltiplas linguagens.
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O que é multiletramento?
O termo multiletramento foi proposto pelo New London Group, na década de 1990, para destacar a diversidade de formas de comunicação presentes na sociedade. Ele se refere à capacidade de compreender e produzir significados em diferentes linguagens e mídias.
Nesse sentido, o multiletramento é entendido como uma prática educativa que busca desenvolver habilidades sociais ligadas à leitura e à escrita de forma mais ampla, incorporando diferentes linguagens, suportes visuais, redes sociais, recursos digitais, métodos de ensino variados e outras formas de comunicação.
O conceito envolve tanto a dimensão cultural, ao lidar com diferentes gêneros textuais e contextos sociais, quanto a dimensão semiótica, que considera os modos de significar por meio de palavras, imagens, gestos, sons e mídias digitais.
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O que é a pedagogia do multiletramento?
A pedagogia dos multiletramentos é uma proposta educacional que defende a necessidade da escola preparar os estudantes para lidar com diferentes formas de linguagem e comunicação no mundo contemporâneo, ultrapassando a leitura e a escrita tradicionais.
Essa abordagem reconhece dois aspectos principais:
- Diversidade cultural e social: os textos e práticas de linguagem são produzidos em diferentes contextos, influenciados por culturas, comunidades e modos de expressão distintos.
- Multimodalidade: a construção de sentidos acontece por meio de várias linguagens combinadas, como texto escrito, imagem, som, vídeo, movimento e recursos digitais.
Na prática, a pedagogia dos multiletramentos propõe que o ensino:
- amplie o contato dos estudantes com gêneros textuais multimodais (reportagens digitais, memes, podcasts, vídeos, propagandas etc.);
- desenvolva o letramento crítico, ajudando-os a analisar discursos e a refletir sobre como são construídos;
- promova a produção de conteúdos em diferentes mídias, não apenas em textos escritos;
- conecte a aprendizagem às práticas comunicativas reais da cultura digital.
Ou seja, trata-se de uma pedagogia que entende a leitura e a escrita como parte de um processo mais amplo de participação social, em que o estudante aprende a interpretar, produzir e interagir em múltiplas linguagens.
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Quais linguagens integram o multiletramento?
O multiletramento integra linguagens verbais e não verbais, explorando a multimodalidade textual. Entre elas, podemos destacar:
- Linguagem escrita (textos tradicionais e digitais);
- Linguagem visual (imagens, infográficos, quadrinhos, memes);
- Linguagem sonora (podcasts, músicas, efeitos sonoros);
- Linguagem audiovisual (vídeos, animações, filmes);
- Linguagem digital (hipertextos, redes sociais, plataformas interativas).
Essas práticas mostram que a leitura e a escrita não estão limitadas ao papel, mas acontecem também em ambientes digitais e em meios multimodais.
O que a BNCC fala sobre multiletramento?
A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) reconhece a necessidade de trabalhar com letramentos múltiplos.
O documento destaca que a escola deve promover práticas que considerem a diversidade de linguagens e mídias, preparando os estudantes para interpretar e produzir textos em diferentes suportes.
“A BNCC procura contemplar a cultura digital, diferentes linguagens e diferentes letramentos, desde aqueles basicamente lineares, com baixo nível de hipertextualidade, até aqueles que envolvem a hipermídia. Da mesma maneira, imbricada à questão dos multiletramentos, essa proposta considera, como uma de suas premissas, a diversidade cultural. Sem aderir a um raciocínio classificatório reducionista, que desconsidera as hibridizações, apropriações e mesclas, é importante contemplar o cânone, o marginal, o culto, o popular, a cultura de massa, a cultura das mídias, a cultura digital, as culturas infantis e juvenis, de forma a garantir uma ampliação de repertório e uma interação e trato com o diferente.” (BNCC, 2018, p. 70)
Sobre a língua inglesa, a BNCC orienta que sejam trabalhados textos multimodais, como reportagens digitais, vídeos, charges, propagandas e postagens em redes sociais.
“Práticas de leitura de textos diversos em língua inglesa (verbais, verbo-visuais, multimodais) presentes em diferentes suportes e esferas de circulação. Tais práticas envolvem articulação com os conhecimentos prévios dos alunos em língua materna e/ou outras línguas, especialmente a língua inglesa”. (BNCC, 2018, p. 256)
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A importância do multiletramento
O trabalho com multiletramento permite que os estudantes desenvolvam competências essenciais para a vida em sociedade,ntre elas:
- Ler e interpretar diferentes gêneros textuais;
- Compreender como funcionam as mídias digitais;
- Analisar discursos de forma crítica;
- Produzir conteúdos em diversos formatos;
- Participar ativamente da cultura digital.
As competências acima são fundamentais em um contexto em que as informações circulam em diferentes formatos e canais de comunicação.
Como aplicar o multiletramento em sala de aula?
O professor pode promover práticas multimodais que estimulem os estudantes a interagir com diferentes linguagens. Alguns exemplos de atividades são:
- Analisar propagandas e discutir seus recursos visuais e textuais;
- Produzir podcasts ou vídeos como alternativa à redação tradicional;
- Trabalhar memes e postagens digitais para refletir sobre linguagem e contexto;
- Criar projetos interdisciplinares envolvendo texto, imagem e som;
- Incentivar a leitura crítica de mídias digitais, desenvolvendo consciência sobre as formas de comunicação.
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