A pandemia de COVID-19 provocou um forte impacto na educação brasileira, deixando milhões de estudantes afastados das salas de aula por longos períodos. Esse cenário gerou lacunas de conhecimento significativas e acentuou desigualdades já existentes, exigindo medidas estruturadas para garantir que todos os alunos retomem seu desenvolvimento acadêmico.
Nesse contexto, surgiu a recomposição da aprendizagem, um conjunto de ações pedagógicas que vai além da simples revisão de conteúdos.
A proposta adota uma abordagem sistêmica, voltada para recompor o processo educacional de forma integral, sempre alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e às diretrizes do Ministério da Educação (MEC), com o objetivo de restabelecer as bases do ensino e promover o desenvolvimento pleno dos estudantes.
Em resumo:
- A recomposição da aprendizagem é uma estratégia criada para enfrentar as defasagens educacionais agravadas pela pandemia, indo além da recuperação de conteúdos e buscando restabelecer o processo de ensino-aprendizagem de forma integral e alinhada à BNCC e ao MEC.
- Entre os objetivos principais estão minimizar perdas, reduzir desigualdades, desenvolver habilidades essenciais em leitura, escrita e matemática, promover acolhimento socioemocional e assegurar a permanência dos alunos na escola.
- O Plano de Recomposição das Aprendizagens (PRA), baseado no Pacto Nacional lançado pelo MEC, orienta redes de ensino e escolas na elaboração de ações práticas, como avaliações diagnósticas, priorização curricular, metodologias ativas e monitoramento contínuo.
- As estratégias para recompor aprendizagens incluem personalização do ensino, uso de tecnologias digitais, ensino híbrido, formação de professores, atividades interdisciplinares, reuniões de monitoramento e apoio socioemocional, especialmente nos Anos Finais do Ensino Fundamental, quando as defasagens são mais complexas.
Confira, a seguir, qual a importância desse processo e como fazer a recomposição da aprendizagem de forma eficiente e estratégia na escola.
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O que é a recomposição da aprendizagem?
A recomposição da aprendizagem é uma estratégia pedagógica que surgiu em resposta às defasagens acentuadas no período da pandemia.
Seu objetivo central é assegurar que os alunos desenvolvam as competências e habilidades esperadas para cada etapa escolar, com foco não apenas em conteúdos, mas também no fortalecimento do percurso educacional como um todo.
Diferença entre recomposição, recuperação e reforço
- Recuperação: voltada para retomar conteúdos específicos não aprendidos.
- Reforço escolar: aprofunda temas ou habilidades em que o estudante demonstra dificuldade.
- Recomposição: conceito mais amplo, que engloba e supera os anteriores, buscando recompor o processo educacional integral e reduzir as desigualdades causadas pelas interrupções no ensino.
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Por que a recomposição da aprendizagem é necessária?
Mesmo depois de anos, os impactos da pandemia ainda são visíveis em diferentes etapas de ensino da educação brasileira, impactando milhões de crianças e adolescentes.
Segundo o estudo Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil – 2017 a 2023, lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em janeiro de 2025, cerca de 30% das crianças de 8 anos não estavam alfabetizadas em 2023. Em 2019, antes da pandemia, esse percentual era de 14%, o que revela um retrocesso significativo.
Diante desse cenário, a recomposição da aprendizagem se torna essencial para reduzir as defasagens e impedir que elas se acumulem ao longo da trajetória escolar.
A proposta busca não apenas garantir o domínio da leitura e da escrita nos primeiros anos, mas também fortalecer habilidades fundamentais em todas as etapas, assegurando que os estudantes avancem com equidade e tenham condições de prosseguir nos estudos com qualidade.
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Objetivos da recomposição da aprendizagem
A recomposição da aprendizagem foi pensada para garantir que todos os estudantes possam superar as defasagens e seguir avançando em sua trajetória escolar. Para isso, estabelece metas que orientam escolas e redes de ensino em suas práticas pedagógicas:
- Minimizar as perdas de aprendizagem, especialmente agravadas no período da pandemia;
- Reduzir desigualdades educacionais, assegurando equidade entre estudantes de diferentes contextos;
- Desenvolver habilidades essenciais previstas na BNCC, com prioridade para leitura, escrita e matemática;
- Garantir acolhimento e permanência escolar, fortalecendo o vínculo dos alunos com a escola;
- Promover o desenvolvimento integral, unindo aspectos acadêmicos, sociais e socioemocionais.
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Plano de Recomposição das Aprendizagens (PRA)
Para apoiar estados e municípios no enfrentamento das defasagens educacionais, o Ministério da Educação (MEC) lançou o Pacto Nacional pela Recomposição das Aprendizagens. A iniciativa reúne formações, recursos digitais e materiais de referência que orientam gestores e professores na criação de estratégias pedagógicas eficazes.
Entre os documentos produzidos pelo MEC estão o Guia de Reorganização Curricular para a Recomposição das Aprendizagens, a Matriz Curricular Priorizada, o Guia de Avaliação, cadernos pedagógicos gratuitos, dentre vários outros, todos disponíveis no site oficial do MEC.
A partir dessas referências, cada rede de ensino ou escola pode elaborar o seu Plano de Recomposição das Aprendizagens (PRA). Esse documento contém as diretrizes e estratégias que orientam o trabalho pedagógico para reduzir as defasagens, recompor as habilidades previstas na BNCC e acompanhar o progresso dos estudantes de forma contínua.
Em alguns casos, as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação estruturam planos detalhados para toda a rede, mas cada escola também pode desenvolver o seu, adaptado às necessidades locais. O trabalho conjunto entre escolas e secretarias é essencial para diagnosticar lacunas, priorizar conteúdos e definir ações efetivas para a recomposição.
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Afinal, como fazer a recomposição de aprendizagem na escola?
Na prática, colocar a recomposição em ação exige planejamento, diagnóstico e acompanhamento constantes. De forma didática, os principais passos são:
- Realizar uma avaliação diagnóstica: aplicar provas, testes ou atividades que permitam identificar quais conteúdos e habilidades os alunos ainda não consolidaram. Esse diagnóstico é o ponto de partida para todo o processo.
- Definir prioridades curriculares: selecionar, com base na BNCC e nos materiais do MEC, as competências mais urgentes e essenciais. Em geral, Língua Portuguesa e Matemática são priorizadas, mas cada escola pode ajustar segundo sua realidade.
- Organizar estratégias pedagógicas: planejar ações práticas, como aulas específicas de recomposição, grupos de reforço, projetos interdisciplinares, atividades complementares e até a reenturmação temporária por nível de aprendizado.
- Investir na formação dos professores: garantir que a equipe docente esteja preparada para lidar com diferentes níveis de defasagem, utilizando metodologias ativas, recursos digitais e estratégias inovadoras.
- Promover acolhimento e engajamento: criar um ambiente de apoio para os estudantes, com atenção ao aspecto socioemocional. O vínculo entre escola e aluno é fundamental para a permanência e a motivação na aprendizagem.
- Monitorar e avaliar continuamente: acompanhar os resultados por meio de indicadores de desempenho, frequência e participação. Com base nesses dados, é possível ajustar o plano e aprimorar as ações de forma contínua.
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Recomposição da aprendizagem nos anos finais
Nos anos finais do ensino fundamental, a recomposição exige atenção especial porque as defasagens tendem a se acumular ao longo da trajetória escolar. Muitas vezes, lacunas em leitura, escrita e raciocínio lógico comprometem o aprendizado em disciplinas mais complexas, como Ciências, História e Geografia.
Nessa etapa, é importante combinar diferentes estratégias: avaliações diagnósticas para identificar os níveis de aprendizagem, priorização curricular para reforçar conteúdos estruturantes e metodologias ativas que incentivem o protagonismo dos alunos.
Projetos interdisciplinares, grupos de estudo e o uso de tecnologias educacionais também ajudam a engajar adolescentes, favorecendo a retomada do aprendizado e a redução das desigualdades.
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Atividades para recomposição da aprendizagem
A recomposição da aprendizagem pode ser realizada por meio de diferentes estratégias, que combinam ações pedagógicas, gestão escolar e apoio socioemocional. Entre as principais estão:
- Priorização curricular: revisão e adaptação do currículo para focar nas habilidades essenciais, principalmente em Língua Portuguesa e Matemática.
- Avaliação diagnóstica e agrupamento por desempenho: aplicar testes para identificar defasagens e organizar turmas ou grupos de estudo com perfis semelhantes, permitindo um ensino mais direcionado.
- Personalização do ensino: adaptar métodos e recursos às necessidades individuais, usando tecnologias e plataformas digitais.
- Metodologias ativas: incentivar a participação e protagonismo dos alunos em atividades práticas, como projetos, resolução de problemas e experimentos.
- Ensino Híbrido: caso seja possível, integrar aulas presenciais com atividades online, oferecendo mais flexibilidade e oportunidades de reforço.
- Acolhimento e apoio socioemocional: implementar ações de cuidado emocional e escuta ativa, fundamentais para manter os alunos motivados e engajados.
- Ampliação do tempo de instrução: criar espaços extras de aprendizagem, como aulas de reforço ou encontros aos fins de semana.
- Formação continuada para professores: capacitar os docentes para aplicar novas metodologias e lidar com diferentes níveis de aprendizagem.
- Reuniões de monitoramento: encontros mensais ou bimestrais entre gestores e professores para avaliar resultados e ajustar estratégias.
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O papel da recomposição na transformação da educação
A recomposição da aprendizagem representa uma oportunidade de reconstruir o percurso educacional dos estudantes, garantindo que as defasagens não se tornem barreiras permanentes ao desenvolvimento.
Ao unir diagnóstico, priorização curricular e metodologias inovadoras, as escolas podem promover não apenas a recuperação de conteúdos, mas também a construção de uma trajetória mais sólida e inclusiva.
Nesse cenário, iniciativas que fortalecem a formação integral dos alunos se tornam ainda mais relevantes. A International School, pioneira em educação bilíngue no Brasil, desenvolve soluções inovadoras e eficazes para o ensino do inglês integrado à educação básica, sempre adaptadas à realidade das escolas brasileiras.
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